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O CHÃO AINDA PEDE POR LIBERDADE

2025

Instalação, Vídeo

Terra vegetal, vídeo em TV de tubo, 2'43''

“Na TV de tubo enterrada numa loja Vazia na rua Adelino Veiga, vemos a imagem da cidade de Coimbra desfocada. Em primeiro plano o chão de terra surge e, lentamente, no ritmo respiratório da artista, cresce e toma por inteiro o quadro.
Por segundos, observamos um pulsar precário, logo interrompido pelo retorno da urbes desfocada. E assim, ininterruptamente.
O fio condutor encontra-se imerso numa cápsula temporal que aponta para o impulso sucessivo de ruptura. Flui-guerrilha pelas entranhas, túneis, lacunas.
Trata-se de um corpo sem órgãos, metáfora criada por Antonin Artaud como forma de desenhar uma estrutura corporal que se desfaz enquanto máquina funcional.
“O chão ainda pede por liberdade” é uma videoinstalação que dialoga com o campo da música e busca, através de uma imagem silenciosa, potencializar o desejo de mudança contido nos versos da canção “Apagão” de Bea Banderinha e Homem em Catarse.”

Texto de Nelson Ricardo Martins
04/06/2025

“Um passeio pelo jardim transversal

“A câmera deve ser vista como um instrumento análogo ao olho humano”
Dziga Vertov

O vídeo constitui-se como linguagem híbrida ao deslocar-se em direção a outros contextos, caracterizando-se, sobretudo, pelo seu potencial experimental, desde a sua origem como meio artístico, na década de 60, através do movimento artístico interdisciplinar Fluxus, tendo a frente artistas como Num June Paik e Wolf Vostell.

“O chão ainda pede por liberdade”, de Lilian Walker, em exposição na LojaZ (rua Adelino Veiga, Coimbra), é uma obra radicalmente experimental, não só por estabelecer uma relação simbólica entre o sólido e o eletrônico-digital, mas também ao operar o sensório com a possibilidade do imprevisível.

Na visceralidade de sua existência orgânica-inorgânica, transforma cotidianamente a sua trama arquitetural, tendo como ponto de partida a irrupção de dois elementos que emergem das profundezas: o corpo da artista e o corpo do suporte.

Fusiona-se, assim, metaforicamente, carne, ossos, veias a dispositivo de raios catódicos, placas, circuitos eletrônicos.

Um outro elemento configura-se como basal na narrativa. Trata-se da obra seminal, nesse contexto, “Plano de Contenção”, que nos remete a ideia de tubo de imagem em conexão com o fora de campo, trazido por memórias associadas às peles cumulativas da cidade.

Essa intervenção escultórica, feita de lixas azuis, foi aplicada pela artista nas grades de uma loja abandonada semanas antes da videoinstalação ser inaugurada na LojaZ, no âmbito da 1ª Trienal dos Espaços Invisíveis.

As obras encontram-se em exposição na rua Adelino Veiga, sendo que a videoinstalação permanece até o dia 06/07 e a instalação à mercê do tempo e da predação humana.

Sugiro que a visita seja pensada através de duas possibilidades temporais. A primeira, partindo da LojaZ, hoje um jardim-em-processo, num traveling flashback, já que um retorno à origem. E a segunda, iniciando-se no núcleo gestacional.

O cinema, sempre o cinema, como arcabouço rizomático do processo.”

Texto de Nelson Ricardo Martins
30/06/2025

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